BATE-PAPOS, OFICINAS, FEIRA LITERÁRIA e SESSÃO de AUTÓGRAFOS com AUTORES.
Sábado 13 de abril de 2019
Teatro SESI • Rio Vermelho
Programação
Todas as atividades são gratuitas.
Para as mesas, basta chegar com 30 minutos de antecedência para fazer o credenciamento. Já para as oficinas, é necessário que seja feita a pré-inscrição aqui no site. Os pré-inscritos que não se credenciarem no dia do evento com 30 min de antecedência, terão suas vagas disponibilizadas para os presentes em nossa lista de espera.
Mesas
2021-03-05 09h
Mesa de Abertura
Com Jaqueline Salles, Supervisora de projetos da Gerência de Biblioteca Livro e Leitura da FGM, Rebeca Lisboa e Pedro Duarte.
2021-03-05 09h:45
Blogueiros e agitadores literários de Salvador: entendendo o gosto de leitura do jovem soteropolitano
Com Alexandre Ribeiro, Anderson Shon, Lorena Ribeiro e Renata Pinheiro.
Mediador: Pedro Duarte.
2021-03-05 11h:30
Vida de Escritor no Brasil
Com Alex Simões e Ian Fraser.
Mediador: Pedro Duarte.
2021-03-05 14h
Mundo digital e literatura - das redes sociais para as editoras
Com Iris Figueiredo e Lidiane Ferreira.
Mediador: Pedro Duarte.
Oficinas
2021-03-05 09h
Escrita Criativa
Mediadora: Vanessa Brunt
2021-03-05 11h
Criação Literária
Mediador: Breno Fernandes
2021-03-05 13h
Oficina de HQ
Mediador: Oliver Borges
2021-03-05 15h
Contação de história na era digital
Mediadores: Emília Nuñez, Helena Nascimento e Tauan Carvalho
Outras Atividades
2021-03-05 08h:30 – 2021-03-05 17h
Construção da Obra Coletiva e Feira Literária.
2021-03-05 08h:30 – 2021-03-05 17h
Sessões de fotos e autógrafos com escritores.
2021-03-05 16h – 2021-03-05 16h:30
Encerramento com Sarau da Onça
Convidados
Alex Simões
Alex Simões é poeta, performer, oficineiro e tradutor de poesia . Publicou "trans formas são" (organismo, 2018), “Contrassonetos: catados & via vândala”(Mondrongo, 2015), "(hai)céufies“ (Esquizo, 2014) e "Quarenta e Uns Sonetos Catados” (Domínio Público, 2013). Colabora em Revistas Literárias, antologias e em blogs/sites de literatura.
Desde 2011 comanda o Blog Outro Garoto Lendo em que escreve resenhas e comentários sobre séries, filmes e livros de diversos gêneros, com destaque para os juvenis. Em seu blog, Alexandre também publica textos autorais acionando como motes filmes e livros que vão do clássico ao contemporâneo.
Escritor e professor. Lançou o livro Um Poeta Crônico no final de 2013 e, desde lá, já apareceu em coletâneas de poesia e de contos. Já ministrou oficinas em diversas feiras literárias da Bahia e é figura certa nos saraus de Salvador. Escreve uma coluna nerd na Correio Nagô, onde junta temas da cultura pop com questões raciais afirmativas, além de publicar periodicamente seus contos no próprio site andersonshon.com . É apaixonado por quadrinhos, filmes esquisitos e músicas que ninguém ousa ouvir. Prepara seu segundo livro para 2019 e tem evitado comer alface no almoço para não precisar dormir pela tarde.
Graduado em jornalismo, publicou sua primeira ficção infanto-juvenil, O mistério da casa da colina (FTD), em 2002. Em 2006, pelo mesmo selo, publicou Mil – a primeira missão. Em 2017 foi a vez de Mendax, o ladrão de histórias (FB Publicações/ Caramurê). E em 2018 publicou o romance juvenil Os fanzineiros (FTD), em que aborda temas como Fake News e bullying.
Escritora de literatura infantil e criadora do Projeto Mãe que lê, Emília já publicou sete livros, entre eles A menina da cabeça quadrada, A banda das meninas, Da raiz do cabelo até a ponta do pé e Brincar de livros. É uma das fundadoras da start up TIBI, cujo foco são livros personalizados para crianças.
Mulher negra, soteropolitana, formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela UNEB e especialista em Estudos Étnicos e Raciais pelo IFBA, é contadora de histórias de literatura negra, africana e indígena e coordena o Projeto Literário: O que tem atrás da porta? desde 2015 em escolas públicas de Salvador e Região Metropolitana. Autora de textos infantis em ontologias nacionais, ganhou em 2017 o Prêmio Malê de Literatura, com o conto: Quixote, o “quirubim” do Sertão!
Graduado em Cinema e Vídeo, Fraser estreou, em 2015, com o romance O Sangue é Agreste, financiado via edital pela Fundação Gregório de Mattos (FGM). Com a obra ganhou o prêmio Jovem Autor Inédito pelo Selo João Ubaldo Ribeiro. No ano seguinte, a peça a peça A Máquina Que Dobra o Nada, escrita e produzida por ele, ganhou o Prêmio Braskem de Teatro, categoria Melhor Espetáculo Infantojuvenil. Pela editora Moinhos publicou Araruama: o livro das sementes (2017) e Araruama: o livro das raízes (2018). É também fundador do projeto Teclado Disléxico.
Nascida em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, Iris Figueiredo é autora de Céu sem estrelas e da duologia Confissões on-line. A escritora de livros para jovens é produtora editorial por formação e especializada em transmídia pela UERJ, além de trabalhar como revisora em uma editora universitária. Iris tem ampla bagagem como palestrante em escolas e eventos, e seus livros são histórias contemporâneas sobre jovens na transição entre a adolescência e a fase adulta, tentando encontrar seu lugar no mundo e se descobrirem.
Lidiane Ferreira é uma das idealizadoras do Enegrescência, projeto literário de Salvador/BA. Em 2016, foi uma das organizadoras e poetas da antologia Enegrescência - coletânea poética, publicada pela Editora Ogum's Toques. Em 2017 e 2018, participou respectivamente, com conto e poemas, dos volumes 40 e 41, dos Cadernos Negros, publicados pelo Quilombhoje Literatura. Ainda em 2018, teve um poema publicado na antologia Um girassol nos teus cabelos - poemas para Marielle Franco, lançado pela Quintal Edições. Em 2019, participou da revista Organismo nº5, com publicação de três poemas. É graduada em Letras Vernáculas e pós-graduada em Educação em Gênero e Direitos Humanos, ambos pela UFBA. Apesar de a sua escrita ter surgido do silêncio provocado pelo racismo, hoje a considera um fator de resistência, empoderamento e libertação. Há um livro solo no prelo para publicação neste ano.
Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), mestra em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutoranda na mesma instituição. É criadora de conteúdo no Youtube e Instagram juntamente com o Rafael Rocha, no projeto literário Passos entre Linhas. Lorena tem como foco a divulgação de autores brasileiros, principalmente, autoras negras
Oliver Borges, baiano nascido em Salvador, designer, ilustrador e quadrinista. Desde a sua infância nos anos 80 sempre foi apaixonado pela arte de contar histórias, sejam estas em forma de literatura, quadrinhos ou cinema. Passando pelo desenho técnico industrial, publicitário e quadrinista independente, criador do projeto Aurora Comics em 2009, hoje atua no mercado internacional de Comics (quadrinhos americanos) como desenhista e arte-finalista. Já fez trabalhos pra editoras americanas como a Valiant Entertainment, Arkhaven e Upper Deck.
Jornalista, idealizador e fundador do Festival Bacanudo, autor da série Tony Moon: está tudo fora de controle! (LeYa). Como jornalista, já colaborou com os veículos Superinteressante, Vida Simples, youPIX e Tech Tudo. É editor-chefe do Jovem Nerd.
Relações Públicas; Especialista em Comunicação Estratégica e Gestão de Marcas; Especialista em Inovação de Novos negócios em Marketing Digital; Empreendedora Criativa; Palestrante sobre Comunicação Empática e Aspirante à Escritora. Realizadora, Ariana, Viajante, Curiosa, Leitora e Amante dos livros. Realizadora da Mostra Literária de Salvador.
Apaixonada por literatura, música eletrônica e moda é graduanda em Relações Públicas e, desde 2016, mantém o blog Digaí Leitores espaço em que publica regularmente comentários e resenhas sobre produtos culturais como livros.
O grupo Sarau da Onça atua em Sussuarana (Novo Horizonte) há mais de cinco (7) anos, ocupando um lugar de importância ímpar na cidade de Salvador, atraindo jovens e adolescentes para atividades culturais. O Sarau da Onça desempenha suas atividades com o apoio da CENPAH e o grupo de jovens e adolescentes que organiza o evento o faz voluntariamente e sem recursos financeiros, buscando parcerias na comunidade onde mora e fora dela, sempre que possível.
Tauan Carvalho têm construído a prática de oficinas de produção de Bonecas Abayomi no intuito de disseminar o entendimento desse símbolo identitário, de poder e tradição afro-dispórica como insumo e dispositivo para o letramento e fortalecimento da cultura afro-brasileira e construção de um sentimento de autoafirmação e pertencimento, facilitando a discussão da importância histórica e social em torno das bonecas através da contação das histórias rizomáticas que nos atravessam.
Vanessa Brunt é jornalista, colunista do jornal Correio da Bahia, escritora, youtuber e fundadora do site Não Óbvio, vinculado ao portal iBahia. A jovem de 23 anos é autora de seis livros, lançados no Brasil e em Portugal. Apesar de chamar a atenção no campo literário pelas poesias e contos, a também cronista ficou conhecida na web, principalmente, pelas suas frases, que circulam em plataformas como Pinterest e Instagram.
Durante a Primeira Mostra Literária de Salvador construímos uma obra coletiva com os visitantes e participantes do evento. Utilizamos o conceito de “P.L.O.S.A”, utilizado por escritores e roteiristas, onde cada letra da sigla tem um significado na construção do texto:
“P” de personagem: aqui, as pessoas nomeiam e caracterizam o personagem;
“L” de lugar: onde se passa a história;
“O” de objeto: um objeto importante que deve ser agregado à história;
“S” de situação: contexto no qual o personagem está inserido. A situação é algo que acontece no cenário onde o personagem está, mas que não depende dele para ocorrer.
“A” de ação: o que o personagem faz a partir da situação.
O PLOSA busca o máximo aproveitamento das ideias de forma que, mesmo que sem conexão direta, personagem, lugar, objeto, situação e ação podem ser interligados. Para conferir o resultado da Obra coletiva, clique no botão abaixo. Divirta-se!
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Isabela e os nomes das coisas
Organizador Pedro Duarte
Isabela tinha oito e morava em Salinas da Margarida, cidade pequena, a cerca de 270 quilômetros de Salvador. O dia a dia era tranquilo. Escola, casa, brincadeiras na rua, sol e mar. Vez ou outra, ela ia com a família para Santo Antônio de Jesus, quando os pais queriam comprar algumas coisas para casa.
Ela gostava muito do dia de compras. Para os pais, era só mais uma obrigação: fazer o mercado do mês, repor itens em casa, esse tipo de tarefa chata. Mas, no mundo de Isabela, era mais uma oportunidade para observar e perguntar sobre as coisas. No banco de trás do carro, questionava sobre tudo o que via no trajeto: ‘que’ árvore era aquela ao lado da pista? Por que algumas plantas tinham flores coloridas e outras não? O que era um quebra-mola? ‘Que’ mola ele quebrava? Por que alguém colocaria alguma coisa na pista que ia quebrar a mola de outra pessoa?
É que Isabela já sabia ler um pouco, mas ainda se perguntava sobre o nome de muitas coisas e, principalmente, queria entender como o mundo funcionava.
Como perguntava demais, às vezes os pais a mandavam ficar quieta. Ela cruzava os braços e até ficava em silêncio por alguns minutos, mas logo começava a falar novamente. Isso acontecia todas as vezes! Até que, em uma ocasião, na volta de uma das idas a Santo Antônio de Jesus, ela ganhou de presente um tablete, daqueles coloridos. A ideia dos pais, claro, era que ela ficasse mais quieta, concentrada em outra coisa.
Não adiantou muito.
Cada trecho de música que aparecia no desenho animado que ela assistia era mais uma dúvida. Ela pausava e perguntava. Perguntava de novo. E de novo. Muitas vezes. Além disso, qualquer coisa que os pais conversavam chamava mais a atenção dela do que o que passava na telinha.
– O que aconteceu com a manga da sua camisa? – perguntou a mãe para o pai.
– Devo ter encostado em algum lugar – respondeu.
Isabela escutava atenta e se perguntava: “Como tem uma manga na camisa dele? Manga não nasce em árvore?”. Ela não via manga nenhuma ali! Era muito esquisito…
Sempre que iam fazer compras, saíam no meio da manhã, almoçavam pela cidade, continuavam com as obrigações à tarde e, no final do dia, ainda com sol, estavam de volta. Os pais guardavam os itens na geladeira, o feijão no armário, o detergente na despensa, a pasta de dente no banheiro. E, dessa vez, a mãe de Isabela colocou uma plantinha que havia comprado em um vaso, na varanda.
– Bela, chegue aqui! Sabe o que é isso? Uma mangueira! Vai ficar enorme, Bela! Amanhã a gente planta ela no quintal e molha. Não me deixe esquecer!
Isabela sorriu e não disse nada: queria mesmo era correr para praia. Não ia entrar no mar. Sozinha ela não podia! No caminhou, ficou pensando: “Aquilo é uma planta! Mangueira é outra coisa! Sai água de dentro… Pra quê a gente vai molhar uma mangueira?”
Já com os pés na areia, bem pertinho das ondas, ela escutou uma conversa de um casal saindo do mar:
– Você tá com um pé de cabelo bizarro no ombro, velho! – disse a menina.
– Depois você tira e a gente planta ali – apontou com o queixo para debaixo de uma árvore na calçada – pra ver se nasce um cabelo massa!
Isabela não entendeu nada: “Então cabelo nasce do chão?”
Ela voltou correndo para casa. Ainda ofegante, no meio da sala, com a voz aguda, resolveu que seria hora de esclarecer as coisas. Perguntou a mãe como ia nascer uma mangueira no quintal? E que cor nasceria? Qual o tamanho? Tinha que prender na torneira depois? Depois perguntou sobre como nasciam os cabelos, já que ela agora sabia que tinha um tipo de pé de cabelo que podia ser plantado perto da praia!
A mãe de Isabela ria alto e sentou-se para esperar a filha parar de falar. Escutando o barulho na sala, o pai resolver aparecer também:
– O que ‘tá’ acontecendo?
Isabela parou de falar por um segundo. Mas logo apontou para o pai e, olhando para a mãe, perguntou:
– Cadê a manga na camisa dele que você falou? Ele perdeu quando encostou em algum lugar?
O pai de Isabela ficou confuso. A mãe riu mais um pouco e a mandou tomar banho, tirar a areia do pé e se arrumar para jantar. Mas ela continuou perguntando, e falando com a voz ainda mais aguda… Ninguém respondia nada!
– Depois do banho, Isabela. Se você lavar bem as orelhas, sozinha, te conto tudo! – disse a mãe, se fazendo de dura.
Isabela foi correndo para o chuveiro. Tomou banho bem rápido, vestiu, ainda molhada, as roupas que a mãe havia separado na cama. Correu para sala, sentou à mesa e ficou balançando os pés no ar.
E, enquanto comia o macarrão improvisado pelo pai, escutou todas as respostas (afinal, tinha lavado bem as orelhas). A mangueira que usava para molhar as coisas e tomar banho nos dias quentes era de plástico ou borracha. Mas aprendeu também que tinha uma árvore que se chamava mangueira – e que era dali que vinham as mangas! Mas que manga também era uma parte das camisas. Tinha camisa de manga curta e de manga comprida.
Isabela tomou o suco e continuou perguntando tudo. E descobrindo mais coisas:
Pé de cabelo era quando os fios de cabelo encravam, é um probleminha que às vezes as pessoas tinham e que era preciso tratar. E que cabelo não nascia em árvore – o menino fez uma brincadeira dizendo que ia plantar porque existiam também os pés das plantas. E que não eram como nossos pés… O pé de caju, que era o cajueiro, e o pé de manga, que era a mangueira.
Isabela se deu por satisfeita. Com o macarrão, com o suco e também com todas as respostas.
Algumas horas depois, já estava deitada para dormir na cama cheia de travesseiros, no silêncio no qual só se escutava as ondas do mar de longe. Quase cochilando, Isabela ouviu a mãe dizer para o pai, no outro quarto:
– Há quanto tempo você não vai ao salão? Tá precisando dar um jeito aí nesse cabelo! – Pegou na nuca do marido – Aqui atrás… Tá parecendo que tem uma barba aí! Quer que eu dê um jeito? Pelo menos no pé do cabelo? Eu pego a máquina ali, vai ser rapidinho!
Isabela arregalou os olhos. Mais essa agora!? Desta vez, ela deixaria as perguntas para o outro dia. Talvez fosse um pouco mais difícil entender os nomes do que ela achava, mas, com certeza, também seria uma jornada divertida.